Encantado olhar

20:09 Posted by Cris


Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Olhos verdes - Gonçalves Dias

Primeiros olhares

20:30 Posted by Cris

No olhar de uma criança somos visitados nos porões de nossa memória; reconstruímos nossa infância que submerge do passado, içada pelo olhar inocente de alegria e curiosidade que simplesmente nos desconcerta, e nos resgata da realidade que nos envolve diariamente.

Belém

10:43 Posted by Cris

Vista de Belém/PA. (Trabalho realizado no papel Mi-Teintes A4, utilizando lápis H, HB e 2B em 23 horas.)

Anima Mundi

10:38 Posted by Cris

Que poder mágico carregam os desenhos? Desenhar é comunicar-se de uma forma universal e com uma linguagem misteriosa, indecifrável... Na simplicidade das formas, somos envolvidos por uma complexidade humana de sensações como nas imagens dessa animação, e assim inevitavelmente os desenhos transcendem a racionalidade...

O Garoto

09:09 Posted by Cris

Que brilhante momento captaram as lentes deste fotógrafo. Numa fração de segundos eternizaram um olhar de curiosidade e alegria de um desconhecido garoto, num daqueles instantes únicos de nossas vidas, quando nos deparamos com uma cena tão especial e envolvente em sua simplicidade, que nos desconcerta diante de nosso próprio cotidiano. Ficamos assim em silêncio, nos deixando ser observados pelo garoto ao mesmo tempo que buscamos desvendar este olhar... (Este trabalho durou aproximadamente 25 horas e foi feito no Mi-teintes A4, utilizando lápis H, HB, e 2B).

Adorável Vagabundo

13:21 Posted by Cris

Não há como não lembrar de alguém que personificou tanto a arte quanto o inesquecível Charles Chaplin. Na simplicidade e na inocência de Carlitos, observei a genialidade de um homem que transformou o cinema mudo no seu maior instrumento de crítica social. (Neste trabalho utilizei o papel Mi-Teintes A4, e lápis H,HB,2B e 5B; em aproximadamente 15 hs).

Tempo de desconstruir.

02:15 Posted by Cris


Então me desfarei por algum tempo,
Para depois me reconstruir,...
Mas não quero voltar um desconhecido...
Não quero perder os traços de minha essência,
Que revelam o que tenho visto...


Ontem encontrei um amigo que me perguntou sobre este espaço, questionando-me mais precisamente se havia colocado algum novo desenho aqui. Aquele diálogo me fez pensar por algumas horas, e resultou nas linhas que você lê neste exato momento. Há algumas semanas os desenhos cessaram,... novas imagens não mais surgiram,... como que se num passe de mágica tivesse eu abandonado tal espaço,... assim ele permanece até agora,... inerte no tempo,... até que hoje resolvi quebrar o silêncio que já dura quase um mês para trazer algumas palavras de elucidação num breve reaparecimento. Longe de querer me aprofundar em divagações enfadonhas para o meu leitor, prefiro deter-me superficialmente no assunto tomando a liberdade de ocultar maiores detalhes, desculpando-me por esta indelicadeza de minha parte, e assegurando-lhe primeiramente que tal idéia de abandono nunca passou por meus pensamentos,... o que realmente ocorre é um distanciamento inevitável mas produtivo, e que ainda permanecerá por algumas semanas. Esta conduta explica-se pelo fato de encontrar-me atualmente numa etapa de intensa aprendizagem no segmento artístico de minha vida,... naquele momento quando paramos e reavaliamos o que fizemos,... naquele momento em que diante das oportunidades podemos absorver um conhecimento transformador de nossa arte,... em que vislumbramos possibilidades jamais consideradas,... enfim,... quando mesmo sem saber o desfecho,... quando mesmo sem saber o resultado,... nos entregamos a esta aventura da descoberta e da superação,... para depois ver o que nos revelará então o tempo,... o que nos trarão estes dias de silêncio,... porque acredito profundamente que esta ausência será de alguma forma compensadora. Sendo assim, encerro estas linhas e despeço-me por mais um tempo impreciso, dando novamente lugar àquela sensação passageira de abandono que aparentemente paira sobre esta página, e respondendo ao leitor com os versos que abriram este texto.

A precisão não reside nos traços, e sim no tempo.

22:40 Posted by Cris

Nos contatos que travei recentemente com outros artistas, e numa observação mais minuciosa de meus últimos trabalhos, tive a confirmação do enunciado que faço acima, e que dá título a este artigo. Mais importante do que o traçado que dá origem a obra, o tempo para mim revela-se o maior contribuinte para a auto-superação do artista. Assim cheguei a conclusão de que o processo de criação consubstancia-se não só no ato físico de criar,...de traçar no papel,...mas também na conduta do saber esperar, no sentido de desenvolver o trabalho naquele tempo preciso e necessário a ele,...nem um segundo a mais ou a menos (...neste misterioso enigma que o tempo parece lançar diante dos olhos de todos artistas,...ouso a questionar, se não teriam os artistas outra diferenciada concepção de tempo, fruto de seu ofício?...), o que acredito, conduziria a produção artística para um resultado reprovável aos olhos de quem cria um desenho ou qualquer outra forma de arte. Que segredo ainda me oculta este mágico tempo?...parece-me destinado a uma missão muito mais ampla, além de simplesmente nos revelar acontecimentos desconhecidos. Mais do que percebê-lo no segmento da produção artística, esta reflexão me conduz inevitavelmente a ousadia de transportar tal constatação para um plano mais amplo: o do cotidiano humano, e para o fato de que muitas vezes não percebemos que pequenos detalhes podem trazer grandes mudanças, parafraseando algumas palavras que certa vez escutei, "...muitas pessoas não percebem que as pequenas portas abrem para amplos salões...";... acredito que não seria diferente para as artes, aonde a observação e a prática adequada de pequenos detalhes até então irrelevantes, podem resultar em grandes transformações na criação de um artista.

Desenhar é transcender.

01:02 Posted by Cris

Prezado visitante, gostaria de chamar-lhe a atenção para a seguinte indagação: O que é mais relevante para você? o desenho ou a escrita?...a despeito de já ter abordado este tema num artigo anterior, hoje senti o desejo de trazer esta discussão novamente a tona, refletindo um pouco mais acerca desta questão. Obviamente que se questionado sobre tal assunto, um escritor certamente afirmaria ser a palavra escrita muito mais significante; da mesma forma, um desenhista afirmaria o contrário atribuindo relevência aos traçados. Permita-me tentar partir para uma postura que se aproxime ao máximo da imparcialidade (fazendo-o ciente e registrando que as palavras que meu visitante lê nestas linhas, são opiniões de um amante do desenho, e portanto já imbuídas de uma inclinação natural e inevitável para este segmento artístico), direcionando meu foco para a questão da potencialidade do processo artístico de comunicação. A meu ver cada forma de manifestação artística tem o seu alcance, carregando em si uma natural e diferenciada potencialidade comunicativa. Permita-me ilustrar tal questão com um simples exemplo que talvez esclareça meu intento, algo que de certa forma já relatei anteriormente: imagine-se numa sala sentado(a) de frente para um indivíduo estrangeiro, alguém que tenha conhecimento apenas de seu idioma pátrio. Sobre a mesa algumas folhas de papel em branco e um lápís. Então você recebe a tarefa de comunicar-se com este indivíduo; inicialmente escreve a palavra ÁRVORE no seu idioma mostrando-lhe em seguida o papel escrito, e constata que não houve nenhuma reação de reconhecimento. Numa nova tentativa você repete o teste, mas desta vez você não escreve, e sim desenha a imagem de uma árvore que quando colocada diante do indivíduo, provoca-lhe uma reação de reconhecimento que você percebe imediatamente. Isto ocorreu porque na segunda tentativa você estabeleceu uma forma de comunicação, cujo alcance vai além de outras formas conhecidas e oriundas das culturas humanas isoladas, como por exemplo, o idioma escrito restrito a um determinado povo...Acredito que isto ocorreu porque as palavras são inteligíveis e limitadas a uma esfera de conhecimento culturalmente determinada, enquanto que desenhos são universais e portanto podem ser absorvidos não só pelo conhecimento mas também pelos sentidos, algo que supera as fronteiras resultantes naturalmente da diversidade cultural do homem...Isto ocorreu porque para mim toda a escrita (ainda que me seja incompreensível) de alguma forma representa uma imagem, um desenho,...mas nem todo o desenho, nem toda a imagem é (e quase sempre não o é...) uma forma de escrita...isto ocorreu porque para mim sempre houve no papel algo mais do que simples desenhos...isto ocorreu porque para mim...desenhar é transcender...

Sou apenas um aprendiz do grafite.

01:57 Posted by Cris

A velha premissa "...Só sei que nada sei..." do conhecido filósofo Sócrates é a mais pura realidade a ser constatada em nossas vidas. No meu caso e no tocante a arte, este momento único que parece descortinar-se repentinamente diante de nossos olhos trazendo luz ao conhecimento que detemos;... este momento quando olhamos para nós mesmos desligados do mundo, questionando nossa capacidade e limitação diante da capacidade e do conhecimento (e por que não dizer do talento) alheio, encontrou-me recentemente quando há alguns dias conheci uma artista, e cuja habilidade nos traços excede em muito o que você observa aqui nesta página. Não há traçados grosseiros, rabiscos inúteis, ou rapidez na conclusão de suas obras, e sim delicadeza ao extremo em cada detalhe explorado no papel que compõem um todo perfeito (ou quase perfeito, pois a perfeição para mim como já escrevi anteriormente é simplesmente inatingível do ponto de vista artístico) onde cada sombra e risco se encaixam harmoniosamente. Resta-me o consolo de descobrir o mesmo caminho destes artistas, e atingir os segredos que os fizeram superar os níveis de dificuldade que apareceram naturalmente ao longo de suas atividades de produção artistica. Na verdade estes raros momentos nos trazem a lucidez de percebermos o quão distante estamos de nossos anseios, e no meu caso, o quão distante encontra-se o meu traçado no papel de algo que possa denominar concretamente como sendo uma arte requintada e com estilo marcante. Hoje comecei com um filósofo, e diante do desafio da auto-superação motivado pelas obras que descobri e das quais sou mero observador, termino com um poeta que disse que "...tudo vale a pena se a alma não é pequena..."

A observação do outro.

03:56 Posted by Cris

Nunca consegui imaginar um cantor, escritor, pintor, ou qualquer outro artista que não tenha ao menos uma vez na vida desejado compartilhar seu talento, que não tenha desejado expor seus trabalhos e sujeitá-los à crítica alheia. Comigo não poderia ser diferente. Até mesmo aqueles que representam uma exceção à regra (se é que assim posso denominar este comportamento) foram surpreendidos pelas guinadas do destino, que os tiraram do anonimato em momentos inesperados quando as circunstâncias pareciam sérias e irreversíveis, presenteando a sociedade com a revelação de seus trabalhos. Basta lembrarmos como exemplo, do brilhante escritor Franz Kafka, que no leito de morte pediu a seu melhor amigo que destruísse os manuscritos de todas as suas obras por considerá-las inadequadas, mas não teve seu pedido atendido, cuja conduta desobediente mas sensata do amigo permitiu que conhecêssemos o gênio literário e crítico deste escritor em livros como "O Processo"; "O Castelo"; e "A Metamorfose" entre outros. Todas estas linhas me levaram a consideração de que existe um fenômeno natural e inerente a todo o processo de criação, consubstanciado na abertura do trabalho (seja um texto, um desenho, uma pintura,...) à coletividade num determinado momento permitindo que outros tenham conhecimento do que foi criado. Portanto parece-me que toda a forma de expressão artística inevitavelmente colabora para a coletividade, distanciando-se de uma conduta individualista, salvo aquela existente em toda a forma primária (verificada no momento inicial) de criação de um trabalho. Longe de querer classificar tal comportamento dentro de um antagonismo radical nos moldes de uma arte coletivista versus individualismo, sou forçado a admitir que existe uma necessidade natural de divulgação de meus desenhos, que me acompanha há muito tempo, e que começou a se tornar realidade neste espaço virtual diante dos olhos dos internautas que leêm estas linhas, ou que simplesmente observam minhas imagens.