Somos inevitavelmente artistas?

01:39 Posted by Cris

Foram inúmeras as ocasiões em que escutei frases do tipo "Puxa!...você tem um dom...", ou "Você devia investir nisto..."; em alguns momentos quando mantive-me distante do lápis e papel devido a outras circunstâncias, cheguei a escutar palavras que me soaram mais tristes como: "Você abandonou o desenho?..." A este último questionamento respondo de imediato aproveitando-me deste espaço, dizendo que talvez tenha abandonado os traçados em alguns momentos de minha vida por circunstâncias que não vem ao caso, mas o desenho nunca me abandonou. Tais pensamentos me levaram a refletir nestas linhas sobre o denominado dom,... e sobre a inevitabilidade de sua manifestação através das mais diversas formas de expressão artística no indivíduo. Seria o dom (ou talento) uma característica inata de todo ser humano, independentemente do desenvolvimento de toda a sua potencialidade e aprimoramento de uma determinada técnica?... ou pelo contrário, o talento não seria uma característica inata do ser humano, e neste caso se manifestaria apenas naqueles indivíduos em que fossem constatados os elementos, que possibilitassem as condições de surgimento e desenvolvimento de uma determinada técnica artística? Longe de querer esgotar o assunto, gostaria de registrar que acredito que todo o indivíduo possui um dom artístico (ou talento se preferir meu prezado leitor), mas a questão vital reside a meu ver na identificação e no reconhecimento dos talentos de cada um, o que tem levado algumas pessoas a uma situação de frustração pessoal. Sendo assim, de acordo com a relação existente entre o indivíduo e as artes posso classificar as pessoas em três tipos: aquelas que identificam e desenvolvem seus talentos ao longo de suas vidas; aquelas que durante toda a sua existência não os identificam (e consequentemente não os desenvolvem) passando os seus dias acreditando que realmente não sabem fazer nada, ou que não levam jeito para nada; e por último aquelas que os identificam e simplesmente os abandonam abrindo mão de desenvolve-los. Conheci os três tipos de pessoas. Talvez você esteja lendo estas linhas e se questionando neste exato momento diante de minhas declarações: "Mas eu não sei fazer nada!...eu não sei desenhar, não sei escrever,...enfim!...não sirvo para as artes..." Permita-me dizer que isto é impossível, porque acredito que carregamos internamente uma potencialidade praticamente ilimitada, que em suas múltiplas facetas ainda não foi desvendada na sua totalidade. Eu não tenho todas as respostas, portanto não saberia lhe dizer como encontrar o seu talento, e muito menos afirmar que meu caro visitante está perdendo a chance de tornar-se um Monet ou um Chagall. Para mim este pequeno grupo de gênios artísticos foram pessoas que começaram do lápis e papel, com um simples esboço, talvez o primeiro rabisco mal feito ainda na infância, insignificante para os olhos dos adultos, mas que com o passar dos anos daria vida à obras-primas. Nestes homens a capacidade criadora se aprimorou de tal modo, que quase atingiu o limite da perfeição no tocante à produção artística.

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