Meu inseparável mundo monocromático.
Sempre acreditei que nascemos com características inatas e praticamente imutáveis, no meu caso isto pode ser muito bem percebido no tocante a minha relação com o desenho. O mundo em preto e branco sempre me acompanhou,... durante a minha infância em meio aos cadernos e livros escolares lá estavam os lápis e a borracha; o papel em branco não foi tão essencial no começo, pois as folhas limpas e brancas inúmeras vezes foram substituídas pelas folhas traçadas dos cadernos; ainda guardo hoje os cadernos universitários entremeados com os mais variados rabiscos, cortando as matérias anotadas rapidamente numa caligrafia mal feita. Para mim sempre houve algo mais interessante do que simplesmente escrever (embora goste muito de escrever), sempre houve algo mais desafiador: a possibilidade de obter a perfeição nos traçados livres. Tal pensamento levou-me a explorar meus limites, descobrindo ao mesmo tempo a incapacidade de reproduzir no papel todas as formas de minha imaginação. Talvez isto seja efeito de um perfeccionismo natural que acompanha todo desenhista. Com o passar do tempo algumas modificações relacionadas a elaboração de minhas obras lograram êxito (como a utilização de carvão nos meus desenhos até então criados apenas com lápis preto), e outras revelaram-se tremendos fracassos (como minhas tentativas de desenhar utilizando materiais coloridos...tintas, giz pastel, lápis de cor...). Acredito que este momento foi decisivo para o fenômeno de construção de minha identidade enquanto desenhista, e para a definição de minha técnica de trabalho.
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