Desenhar é transcender.

01:02 Posted by Cris

Prezado visitante, gostaria de chamar-lhe a atenção para a seguinte indagação: O que é mais relevante para você? o desenho ou a escrita?...a despeito de já ter abordado este tema num artigo anterior, hoje senti o desejo de trazer esta discussão novamente a tona, refletindo um pouco mais acerca desta questão. Obviamente que se questionado sobre tal assunto, um escritor certamente afirmaria ser a palavra escrita muito mais significante; da mesma forma, um desenhista afirmaria o contrário atribuindo relevência aos traçados. Permita-me tentar partir para uma postura que se aproxime ao máximo da imparcialidade (fazendo-o ciente e registrando que as palavras que meu visitante lê nestas linhas, são opiniões de um amante do desenho, e portanto já imbuídas de uma inclinação natural e inevitável para este segmento artístico), direcionando meu foco para a questão da potencialidade do processo artístico de comunicação. A meu ver cada forma de manifestação artística tem o seu alcance, carregando em si uma natural e diferenciada potencialidade comunicativa. Permita-me ilustrar tal questão com um simples exemplo que talvez esclareça meu intento, algo que de certa forma já relatei anteriormente: imagine-se numa sala sentado(a) de frente para um indivíduo estrangeiro, alguém que tenha conhecimento apenas de seu idioma pátrio. Sobre a mesa algumas folhas de papel em branco e um lápís. Então você recebe a tarefa de comunicar-se com este indivíduo; inicialmente escreve a palavra ÁRVORE no seu idioma mostrando-lhe em seguida o papel escrito, e constata que não houve nenhuma reação de reconhecimento. Numa nova tentativa você repete o teste, mas desta vez você não escreve, e sim desenha a imagem de uma árvore que quando colocada diante do indivíduo, provoca-lhe uma reação de reconhecimento que você percebe imediatamente. Isto ocorreu porque na segunda tentativa você estabeleceu uma forma de comunicação, cujo alcance vai além de outras formas conhecidas e oriundas das culturas humanas isoladas, como por exemplo, o idioma escrito restrito a um determinado povo...Acredito que isto ocorreu porque as palavras são inteligíveis e limitadas a uma esfera de conhecimento culturalmente determinada, enquanto que desenhos são universais e portanto podem ser absorvidos não só pelo conhecimento mas também pelos sentidos, algo que supera as fronteiras resultantes naturalmente da diversidade cultural do homem...Isto ocorreu porque para mim toda a escrita (ainda que me seja incompreensível) de alguma forma representa uma imagem, um desenho,...mas nem todo o desenho, nem toda a imagem é (e quase sempre não o é...) uma forma de escrita...isto ocorreu porque para mim sempre houve no papel algo mais do que simples desenhos...isto ocorreu porque para mim...desenhar é transcender...

Sou apenas um aprendiz do grafite.

01:57 Posted by Cris

A velha premissa "...Só sei que nada sei..." do conhecido filósofo Sócrates é a mais pura realidade a ser constatada em nossas vidas. No meu caso e no tocante a arte, este momento único que parece descortinar-se repentinamente diante de nossos olhos trazendo luz ao conhecimento que detemos;... este momento quando olhamos para nós mesmos desligados do mundo, questionando nossa capacidade e limitação diante da capacidade e do conhecimento (e por que não dizer do talento) alheio, encontrou-me recentemente quando há alguns dias conheci uma artista, e cuja habilidade nos traços excede em muito o que você observa aqui nesta página. Não há traçados grosseiros, rabiscos inúteis, ou rapidez na conclusão de suas obras, e sim delicadeza ao extremo em cada detalhe explorado no papel que compõem um todo perfeito (ou quase perfeito, pois a perfeição para mim como já escrevi anteriormente é simplesmente inatingível do ponto de vista artístico) onde cada sombra e risco se encaixam harmoniosamente. Resta-me o consolo de descobrir o mesmo caminho destes artistas, e atingir os segredos que os fizeram superar os níveis de dificuldade que apareceram naturalmente ao longo de suas atividades de produção artistica. Na verdade estes raros momentos nos trazem a lucidez de percebermos o quão distante estamos de nossos anseios, e no meu caso, o quão distante encontra-se o meu traçado no papel de algo que possa denominar concretamente como sendo uma arte requintada e com estilo marcante. Hoje comecei com um filósofo, e diante do desafio da auto-superação motivado pelas obras que descobri e das quais sou mero observador, termino com um poeta que disse que "...tudo vale a pena se a alma não é pequena..."