A observação do outro.

03:56 Posted by Cris

Nunca consegui imaginar um cantor, escritor, pintor, ou qualquer outro artista que não tenha ao menos uma vez na vida desejado compartilhar seu talento, que não tenha desejado expor seus trabalhos e sujeitá-los à crítica alheia. Comigo não poderia ser diferente. Até mesmo aqueles que representam uma exceção à regra (se é que assim posso denominar este comportamento) foram surpreendidos pelas guinadas do destino, que os tiraram do anonimato em momentos inesperados quando as circunstâncias pareciam sérias e irreversíveis, presenteando a sociedade com a revelação de seus trabalhos. Basta lembrarmos como exemplo, do brilhante escritor Franz Kafka, que no leito de morte pediu a seu melhor amigo que destruísse os manuscritos de todas as suas obras por considerá-las inadequadas, mas não teve seu pedido atendido, cuja conduta desobediente mas sensata do amigo permitiu que conhecêssemos o gênio literário e crítico deste escritor em livros como "O Processo"; "O Castelo"; e "A Metamorfose" entre outros. Todas estas linhas me levaram a consideração de que existe um fenômeno natural e inerente a todo o processo de criação, consubstanciado na abertura do trabalho (seja um texto, um desenho, uma pintura,...) à coletividade num determinado momento permitindo que outros tenham conhecimento do que foi criado. Portanto parece-me que toda a forma de expressão artística inevitavelmente colabora para a coletividade, distanciando-se de uma conduta individualista, salvo aquela existente em toda a forma primária (verificada no momento inicial) de criação de um trabalho. Longe de querer classificar tal comportamento dentro de um antagonismo radical nos moldes de uma arte coletivista versus individualismo, sou forçado a admitir que existe uma necessidade natural de divulgação de meus desenhos, que me acompanha há muito tempo, e que começou a se tornar realidade neste espaço virtual diante dos olhos dos internautas que leêm estas linhas, ou que simplesmente observam minhas imagens.